quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Cantora Pitty se prepara para lançar terceiro CD e cair na estrada !


Texto: Nilma Gonçalves // Foto: Caroline Bittencourt
Fonte: (http://correio24horas.globo.com/noticias/)

Os fãs estão em contagem regressiva: chega às lojas, no dia 11, Chiaroscuro, o novo álbum de Pitty e um dos lançamentos mais aguardados do semestre. Considerada a cantora mais representativa para o rock nacional da atualidade, a baiana deve surpreender fãs (e agregar novos admiradores), com um disco mais sonoramente equilibrado, fruto do amadurecimento natural que os anos sabiamente proporcionaram.
Mas que fique claro que o som de Pitty não perdeu o peso e o vigor quase adolescente. Eles apenas se manifestam de formas diferentes.“O conceito de peso e leveza tem modificado muito com o passar do tempo para mim. Hoje em dia, a meu ver, o pesado é o denso”, explica ela, que concedeu a entrevista por telefone, de sua casa em São Paulo. De fato, pode-se dizer que Chiaroscuro é o trabalho mais denso da roqueira, com letras bem elaboradas e uma maior variedade de estilos (vai do hardcore ao tango). E, apesar do discurso rebelde e contundente, sua marca registrada, Pitty mostra uma face mais doce e tranquila, traduzindo o conceito chiaroscuro (o claro e o escuro) não apenas em um produto, mas no momento atual de sua vida - “consequência do tempo”, diz.

Ela confirma a diferença de comportamento e de atitude deste para os dois álbuns anteriores (Admirável chip novo, de 2003, e Anacrônico, de 2005): “No primeiro, eu ainda não tinha tido uma experiência profissional, não conhecia direito a minha voz, que tipo de sonoridade eu queria. No segundo, já sabia mais ou menos o que buscava e, nesse terceiro, houve um aprofundamento dessa busca”, admite.
Pitty acredita que a música seja uma válvula de escape e de vazão de ideias. Dessa forma (e como de costume), as letras são pessoais, dando mais pistas do seua madurecimento como artista e como pessoa. A exposição dos sentimentos e sensações, no entanto, não incomoda a cantora: “Você não pode ter receio quando escreve. Escrever é isso, é colocar pra fora os sentimentos, é um modo de confessar certas coisas”, diz a fã de Clarice Lispector e leitora voraz. “Leio compulsivamente. Chego a até dois livros por semana, a depender do meu tempo livre. Sempre tenho um livro na bolsa”, conta. Não à toa, são muitas as citações a autores em suas músicas, o que, segundo ela, é uma forma de homenageá-los.
Durante o período de produção de Chiaroscuro, além dos livros, Pitty teve a companhia de CDs da banda TV on the Radio, da (atriz e) cantora Scarlett Johansson, além do Queens of the Stone Age e de artistas da Motown, “coisas com mais textura e clima”, que acabaram refletindo no resultado final do álbum.


- MULHERZINHA
Aos 31 anos, Pitty parece estar, digamos, mais mulherzinha. “Com o tempo, você aprende que ser mulher e feminina não é ser fraca. Tô conseguindo me afirmar como mulher de uma forma mais legal, sem agressividade. A feminilidade é um exercício constante”, entrega. Isso se reflete também no seu estilo. O visual adolescente rebelde, com suas botas coturno, cabelão e maquiagem pesada, perdeu lugar para um lookclean, comum cabelo moderno e roupas variando entre vestidos românticos e shortinhos.
Ela admite que gosta de moda “sem exageros” e acredita que o jeito de se vestir é também uma forma de comunicação. Os modelos dos vestidos, na maioria das vezes, saem da cabeça da cantora, que os desenha e entrega para as amigas estilistas costurarem. Questionada se não tem interesse em lançar sua própria grife, afirma: “Minhas amigas vivem sugerindo isso, mas não viajo muito nesse lance, não. Mas, como a vida é longa, quem sabe, né?”, considera a baiana.
Pitty preserva a atitude rocker que a consagrou e, na música Desconstruindo Amélia, deixa evidente a sua veia feminista. A letra fala de uma mulher que, cansada de servir e ser submissa, “vira a mesa, assume o jogo, faz questão de se cuidar”. Namorando há três anos Daniel Weksler, baterista da NX Zero, será que ela não tem nem um pouquinho daquela Amélia de Mário Lago e Ataulfo Alves? “Em doses homeopáticas, no lance de cuidar da casa e do seu homem, posso até ter, é legal. Mas não conseguiria viver cuidando de casa, cozinhando todo dia...”, confessa ela, que divide seu apartamento com três gatos - Frida, Grace e Chaplin.


- RETIRANTES
Morando há cinco anosemSão Paulo, Pitty está cercada de baianos. Desde os músicos (Joe, baixista; Martin, guitarrista; e Duda, baterista) até amigos que, assim como ela, foram tentar a carreira artística na capital paulista. “São os retirantes da seca cultural de Salvador”, define a cantora, que acaba não apenas convivendo com essas pessoas, mas convidando-as a trabalhar com ela.
O videomaker Ricardo Spencer, responsável por alguns dos seus clipes e, mais recentemente, do vídeo da música Me adora, é um exemplo disso. “Conheço Spencer desde que eu tinha 15 anos, quando eu nem sonhava em ser cantora”, conta e complementa: “Eu prefiro trabalhar com os meus, pois nada melhor do que estar com quem a gente ama, pessoas que já conhecemos e sabemos que são capazes”.
O pouco tempo livre a impede de vir a Salvador com mais frequência, mas Pitty diz que sempre que pode dá um pulinho na cidade natal, para “visitar os amigos, ir ao Pós tudo (restaurante do Rio Vermelho) e ver shows”. Na última vez em que veio à capital baiana, há pouco mais de um mês, ela fez as vezes de DJ numa festa alternativa.
“Não costumo discotecar, mas amei. Vou ver se faço isso mais vezes”. E sobre o rock baiano, o que tem ouvido? “Irmãos da Bailarina, Vivendo do Ócio e Retrofoguetes”.Quanto à turnê Chiaroscuro, que começa em setembro, os baianos vão ter que esperar mais um pouco. Ainda não foram confirmados shows por estas bandas.

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